Lá de longe, onde o mundo fica denso,
onde tudo fica tenso, e medo perde senso.
Terra distante, onde a vasta selva devasta.
O homem sem casta, perde seu brilho intenso.
No distante do horizonte, na beira do fronte,
urbanidade e cinza, quebradas na paisagem,
sem margem, a cidade, ao lado um monte.
Em minha terra montes tem cruzes, em cruzes,
sombrias videiras. Mas nesse monte de luzes,
brilha ao lado a cerejeira, flor de cerejeira, bela, rosa,
não rosa, nova, traz com o vento seu sabor à prova.
Longe do meu toque, contemplo, sem querer ver o tempo.
O tempo já me basta, sem ve-lo, sou homem, e penso:
Se com ele não posso correr, quero ultrapassa-lo e voar,
quero poder crer, que a flor da cerejeira vou lá provar.
Por Carlos Fernando Rodrigues