segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Brumas

Pois quem diria que como nuvens, seria o amor?
Beleza instantânea no frio firmamento,
quebra-cabeças nascidos do mais quente vapor.

Inalcançável à primeira vista,
imaginário estranhamente palpável.
Teima em no céu estar,
faz nós, bobos homens, na imaginação flutuar.

Inevitável comparação de um ponto visto em dois.
Vive-se o momento fugaz do amar,
sente-se aquilo que o faz levitar.

Inunda com sua esperança deseperada.
Penetra cada ser com sua antiga magia.
Transforma o mais velho homem novamente em criança.

Pontual lilás crepuscular agracia a Terra com o céu noturno.
Exausto calor diurno escorre seu suor.
Tinge o velho horizonte, outrora chamado belo.

Desperta-se com a escuridão,
gela a alma em desesperada calma.
À luz do luar, vive-se a solidão.

Trancafiados em caixotes de vida,
segue o homem de coração só.
Máquina mortífera em uma fera mordida.

Empilham-se lares, em concretos mares.
Esfriam-se emoções, em apressada ações.
Vive-se capital, a morte carnal.

Belo o negro pranto, racional,
afina a voz e na garganta da nó.
Resquício de humanidade no ar.
Local onde a alma vem ressucitar.

Agora o céu é negro.
Não se vê mais sol.
O som é silêncio de medo.

É noite. Fria, escura e linda.
Atraente para sua perdida sorte,
é cautelosa em seus recortes.
Noite de sonhos de verão,
sonho vivo em contra-mão.

Porque dormiste agora, em seu apogeu?
Ao menos viste o dia nascer uma vez?
Com ele vem a esperança do dia ver,
e finalmente humanos podermos ser.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.