quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lua de Primavera

Brilha a lua no nascente.
Cara cheia em noite quente.
Clareia, aberta como uma flor.
Fria em céu marinho,
testemunha do amor em papel.

Estrelas cálidas a seguem.
Veem de perto sua cara pálida.
Lua que chega após a chuva
e inspira curvas murmúrias.
A sós, qualquer chance é válida.

É lua de primavera,
florada e florista.
Olha por cada broto do amor
sem nenhum perder da vista.
Só, por todos bem quista.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Nada fachada

Construo nosso amor como um arquiteto.
Entre curvas e linhas, pedras e tintas
Desenho meu plano secreto.

Olha que bela construção.
Tudo significa ela,
Ela se mostra tudo.

Rarefeito físico,
Me impõe paz de espírito.
Capaz de o mundo ganhar
E minha mente mudar.

Falar sobre ela e sobre mim.
Pedra sobre pedra.
Nasce um nós enfim.
Nosso amor é arte, forte sentir
Com a mais bela face.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Will be Buddhas

A grandeza humana é perceber a magnitude do mundo, e se desligar dessa forma, das materialidades e pecados. É simplesmente impossível ao ser humano determinar uma história linear, sendo a sua, relacionada em ciclos de compreensão e aprendizagem. A interligação entre tais ciclos se dá por acontecimentos que os finalizam e iniciam, de forma com que nascimento e morte sejam relativos. O desafio é o que delimita a necessidade de perfeição de cada ser humano, o pensamento compreende e a paz interna alcança.
            Perdoe sempre, eles precisam passar por aprendizados os quais voce já passou. Vida não se resume à nada ou ninguém, ela simplesmente é. Fale e pratique verdade. Ela é o remédio de tudo. Mas o faça da forma que melhor lhe convier. Sempre que precisar, desligue-se do mundo. Suas interferências podem prejudicar seu ciclo de aprendizado. A perfeição é relativa, variável e finita. Lembre-se de que é humano. Dúvidas sempre surgirão enquanto houver razão. Ilumine-se.
            O karma é uma construção única e exclusivamente nossa, então... Hey Ho, Let's Go!

Por Carlos Fernando Rodrigues   S.S.D.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Que seriam dos 4 se não fossem nós dois?


Pode ser falta de talento,
Mas enquanto estiver com você
Inspiração não irá faltar.
Isso sempre será o ar.

Suave e doce como o vento,
Em tempo, nosso amor,
Mais gostoso, nosso invento.

Quente e forte como o fogo,
Sabe como me deixar sempre...
Simples e bobo.

Firme e sensível, nossa terra,
Quase sempre humano,
Se não erra, berra.

Um grito sobre a água,
Sem dor, somente amor.
Eu te amo não basta.
Tem que ser mais.
Mas sou humano,
Ainda não sei qual é meu plano.
Só sei sobre o que é amar.
Sobre o que é te amar.
Ou só que é amar.
E eu duvido de quem duvidar.

Por Carlos Fernando Rodrigues S.S.D.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Cangaceiro, a utopia do final (Parte 1)

            A vida não era simples para uma criança nordestina humilde, criada em um berço espinhento, obrigada a trilhar um caminho árduo que muitos adultos formados não resistiriam. A divisão e o cumprimento das tarefas básicas era essencial para a sobrevivência de três irmãos, órfãos de pai e mãe, se manter de forma relativamente estável. Falar que “era” de se admirar é tornar passado aquilo que constrói nosso presente. Mesmo dentro de contextos sociais mais complexos como os atuais, a dignidade e a perseverança desses pequenos guerreiros servem mais do que de exemplo para a sociedade a qual pertencemos.
            Inúmeros testes provocaram o espírito de guerra do jovem cangaceiro, que na sua ingênua pretensão de colocar ele e seus irmãos a par de uma vida melhor, se viu envolvido na causa primordial de sua missão vital. As ações em meio aos trabalhadores sempre tiveram um caráter mais humanista do que propriamente hostil em relação à classe dominante. Carregando consigo a essência de igualdade, liberdade e fraternidade, o jovem técnico via naquelas pessoas trabalhadoras e dedicadas, que se esgueiravam por buracos cavados com as próprias mãos, a necessidade e capacidade humana da convivência em grupo, que em um espectro mais amplo podemos definir por sociedade. Aquela situação realmente era estranha, pois para a convivência em uma sociedade é essencial o equilíbrio entre as partes, proposta por muitos, mas realizada por ninguém.
            Passados os testes, como se fossem episódios qualificadores, veio a interminável batalha contra o desequilíbrio social do Coronel, e após cada conflito, o Cangaceiro se levantava cada vez mais forte e experiente, se livrando da imobilidade do poder que afetava seu adversário, que não mais evoluía. Enfim, o Cangaceiro triunfara sobre o Coronel, agora ele podia praticar sua ideologia de dimensões humanitárias tão grandes quanto o próprio ser humano e que, apesar dos impedimentos, passariam por cima desses e chegariam na forma e na medida necessária  à cada cidadão da nossa cidade, não importando o preço a ser pago pelo sacrifício pessoal do humilde garoto, agora homem, que pensa à frente de seu tempo, mas não deixa para trás a lembrança do passado, sua principal arma motivacional.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Cangaceiro e o Coronel – Parte 4 ( A guerra, a rodeio e a decepação)

            Após travarem batalhas ferrenhas, sujas e principalmente ideológicas ao longo de anos, o Cangaceiro finalmente escorraçara o Coronel da cidade, mas apesar disso, ele ainda dominava grande parte das Gerais e ainda mantinha seu velho e infame costume de “mamar nas tetas do estado”, sua grande mãe leiteira. Nova Lima agora vivia novos tempos, novas situações e principalmente, agora, tinha uma população ativa.
            O Cangaceiro governava para todos, suas ideologias se encaixavam perfeitamente no contexto político da cidade, e isso com certeza desagradou os soldadinhos chumbados do coronel que agora já não podiam mais submeter a população às suas vontades sórdidas. O Coronel, experiente, já sabia da dificuldade de certas pessoas daquela cidade em lhe dar com a boa vontade alheia e rapidamente tratou de agir em cima das alusões maquiavélicas dos que cercavam seu rival, tornando-o o centro de uma rede de intrigas e suposições meramente vis, mas que tinham o poderio de detonar as bases sociais e políticas de todo ser sociável: a Moral.
            O espírito de luta do Cangaceiro, que sempre foi melhor em suas relações sociais diretas do que o Coronel, estava agora a mercê dos interesses mesquinhos dos que seres que se julgavam humanos próximos a ele. Sua luz de esperança para a salvação do restante da dignidade em todo o município, agora era ofuscada pelo rodeio dos  coadjuvantes, o que acabou por jogá-lo em um labirinto de natureza bem conhecida, mas de consequências possivelmente infinitas, incluindo em questões externas, a necessária privacidade do homem para gerir sua vida por completo, fragilizando seu ideal de justiça, desapego e principalmente do clichê amor.
            Apesar da situação desfavorável, o Cangaceiro ainda era senhor do seu destino e tinha plenas forças para lutar e decidir se continuaria a conduzir a cidade rumo ao seu futuro de conquistas. A ilusão do rodeio então finalmente o cegou, e alguns pequenos espíritos,desses que se esgueiram no mundo dos homens para fingirem ser essa carcaça morta que lhes é dada, voaram em cima dele, como hienas em cima da carne morta, que agora era toda sua experiência vital em reflexo de suas fraquezas mortais. Ele ainda tinha a família, mas escolheu deixá-la, talvez por compaixão, ou talvez por vergonha. Ele ainda tinha seus talentos, mas resolveu que iria escondê-los, e assim transbordou seu lado pecador em seu desequilíbrio. A ideologia ficara subjugada, seus amigos já não eram sensíveis e o fim era iminente. Os abutres o bicavam e agora guiavam seus companheiros, sem rumo contra a muralha venenosa do Coronel. O Cangaceiro já não via a luz gloriosa do seu caminho e agora se tornava um velho que nem os velhos admiravam, um velho que não tinha mais do que a ingenuidade de uma criança em um mundo de animais. Agora, a sorte está lançada. O Cangaceiro definha, decepado, o Coronel se prepara para a maior das ofensivas antes de sua morte, os abutres e hienas fazem a festa e o povo, bom, esse voltou ao seu papel principal: o de espectador.

Por Carlos Fernando Rodrigues S.S.D.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nós

Nada de fogo,
nada de terra,
nem nada de mar.
O amor faz faltar ar.

A cada vez que você chegar o nada vai se esvair,
haverá o que sentir: Um amor de se cegar.
Nada que é pra sentir vai cobrir essa cor do nosso amar.
Apenas sorrisos, olhares e seu doce tato, de fato.

Nada de ação ou reação,
nós fluimos de coração.
Paixão ardente, pulsante.
Antes que nos atente é fração...
de inteiros ligeiros, esgueiros.

Imagine tudo junto em uma coisa só.
Pense e veja que quando a gente junta dá esse nó.
Junta-se tudo entre nós, mas é isso que que nos junta.
Formemos nossa equação, nosso coração.
E antes que a chama vire pó,
a vida passará em todos os nós.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Padrinho

           Apenas uma pessoa que não cria a ilusão de que a vida é bela. Todos mentem... E assim vamos dar vivas aos preconceituosos que vão olhar seu rosto e seu dinheiro, aí saberemos nosso preço. E viveremos assim por um bom tempo, até alguém decidir mudar. E as pessoas nunca mudam. Levam suas vidinhas pacatas, por mais que não pareçam, afinal, elas aceitam facilmente qualquer coisa que lhes é dita. Vamos revolucionar! Claro, precisamos mudar. Mas mudar é arriscado, e continuaremos cautelosos, sem mudanças... desconfiaremos do que chamamos de amigos. Passaremos por cima do outro sem saber o que queremos e principalmente sem saber o que ele quer, simplesmente por colocar em prática o instinto humano da superioridade. Por quê não nos contentamos com nada já que podemos comprar tudo? Infelizmente o Céu é só uma promessa que está a venda.

Uma pequena conclusão de um ser pequeno sobre uma sociedade que pensa ser grande em sua cabeça pequena.  S.S.D.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Salvação

Rasgar a carne como uma faca.
Ver do fio o sangue escorrer.
Do ser humano a vida se saca.
Salvação onde não se pode ver.

Veio a luz em meio à escuridão.
Obsessão palpável, humana.
O terrível incontrolável,
corte de papel em pele.

Passada a fúria vem a ação.
Terrível e brutal, abate no coração.
Morra, libertinagem de salvação.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Conversa

Que voz é essa
que pode me acalmar?
Me deixar sóbrio e
logo depois atordoar.

Voz do teu olhar,
acende meu ego,
vira minha cabeça.
Meu fio fica cego.

Homem palhaço,
criança abobada.
No calor do teu abraço,
minha paixão desenhada.

Sinto-me teu amor
e você o meu calor.
Fugiste de mim a dor,
do meu pincel em cada cor.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

À Nação

Uma história,
varias glórias.
À nação,
nossa maior paixão.

Hoje a noite não é negra!
No melhor dos sentidos,
é Rubro-Negra.

Flamengo é Raça.
Flamengo é amor e paixão.
Essa coisa sem explicação...
É muito mais que futebol.

Arte, faz parte.
Coração, é ação.
Eterno campeão,
ó meu Mengão!

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

domingo, 24 de julho de 2011

Curral

Serra verde, verde linda, serra.
Já te vi de perto,
hoje em conflitante guerra.

Imponente verde sobre prédios
decadentes de profundo cinza,
em buracos sufocantes
que engolem o nascente.

Cresce sob a mata,
prende a nuvem
a qual não tem.
Mas sem ela não era nada.

Covardes cortes da côrte
podem te machucar,
mas não vão te matar.
Da natureza mãe, é sorte.

Em sonho te vejo linda.
Linda verde, serra verde,
que balança minha emoção
no balanço da minha rede.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cato palavras por aí.
Nenhuma delas sentem o que que quero traduzir.
Idioma, deixo de lado.
Só mais me separam do almejado.

Parlare, falar ou hablar.
Nada disso pode adiantar.
Quero mais meu coração.
Minha mais profunda razão.

Speak, mas não perca o pique.
Saudade se cultiva, podando pela raiz.
Longitude maligna desse país
não cala minha paixão, ativa.

por Carlos Fernando Rodrigues   S.S.D.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O que é exato

Quem disse que o amor é uma ciência exata? Forma-se uma equação, limitando-se a uma redução de termos ou propriedades semelhantes como em uma fórmula que pode coincidir ou não com uma outra qualquer e pronto: se tem um paixão. Não! Me recuso a acreditar nisso.
O amor de verdade se utiliza das mais variadas e improváveis técnicas e artimanhas para juntar duas incógnitas na mais complexa e completa conta já produzida pelo ser humano. Uma conta que envolve fatores absolutamente inimagináveis e incalculáveis, deixando a razão cega e expondo de forma arriscada o coração.
Gênios, loucos, homens, mulheres, velhos, jovens… o cérebro nunca esteve livre de se submeter à esse sentimento. Talvez por ser mais racional que ele. Tão racional que se apresenta para nós de forma instintiva, privando-nos de qualquer tentativa de explicação lógica, deixando falar mais alto o sensorial, aquilo que pega na alma, faz o coração acelerar, faz a mão suar, a barriga gelar e a perna tremer. Aquilo que nos faz enfrentar nossos mais temíveis inimigos e até mesmo feras com as quais nunca sonharíamos ter que lutar. Ele é, nada mais, que o órgão que move isso que chamamos “vida”.
Dizem que a matemática explica o mundo e suas peculiaridades, mas ela esquece dos detalhes, os mais importantes. A matemática não é capaz de resolver nossa mais útil equação: a equação amor.

Quantas voltas tenho que dar pra dizer: "eu te amo."                                                                                                                                                 
                                                                                                                                                    Por Carlos Fernando Rodrigues S.S.D.  para Marina Sodré

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Já que estamos falando...

Não sei se é o jeito de andar.
Não sei se é o jeito de falar.
Não sei se é o jeito de sorrir.
Com certeza é o jeito de ser,
o jeito de me encantar e fazer feliz.

Não tenho muito o que explicar.
Sobre o amor, é difícil falar.
Ele põe em tudo cor, sentido e odor.
Me deixa bobo, cobrindo-me de calor.

Devia ser proibido esse amor.
Nunca vi coisa mais estranha.
Tudo nela se traduz nesse senhor.
Toda maneira apaixonante de manha,
quando falo dela, falo de amor.

Por Carlos Fernando Rodrigues   S.S.D.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sobre Paixão e Conclusão

Quem dera pudesse todo homem sentir a força de uma paixão.
Todos que merecem o que é muito mais o que é mais que emoção
sabem bem onde encontrar do coração, a solução.

Muito mais que a vida do ser insignificante ser humano,
organiza e desorganiza seu próprio filho revirado.
Parece uma volta, um devaneio ou até mesmo um surto.
Só não pode deixar que o coração fique mudo.

Humano que vira desumano pela falta de razão.
Nessa história, toda ação é impensada com o coração.
Impossível querer sentir e chegar à conclusão.

Por Carlos Fernando Rodrigues   S.S.D.

domingo, 22 de maio de 2011

Toda Pétala do Mundo

Toda coadjuvância minha
deu lugar à minha romância.
Como se, de volta a infância,
a felicidade que não cansa.

O vento traz de trás do velho morro
aquela flor de beleza inquieta fugaz.
De todas as formas de pétala,
todas as cores em harmonia e coro.

Fomenta, alimenta minha paixão
e me treme o bobo coração.
Tudo em sua forma e ação,
até sua mínima expressão.

Vem pra junto de mim flor minha.
Deixa o rio pra trás.
Mostra o quanto é linda
no nosso olhar do lado de cá.

Por Carlos Fernando Rodrigues     S.S.D.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

De casa

Será que existe aquilo que posso chamar de casa?
Ela que me prende minha faminta liberdade.
Esconde a rebeldia, presa na idade.
Porque ficar onde me amarram a asa
me parece tão aconchegante
quanto o abraço de um amante.

Sem casa, sem teto ou destino,
na lua cheia ou sol apino.
Liberdade na vaidade
e cabeça na saudade.
Sou humano.

Se fosse necessidade, não seria liberdade.
Queria um lar, do lado do seu
que somente e simplesmente
chamaria feliz  por meu.

Que se dane a razão,
hospedeiro dele sou eu.
Aqui quem fala de longe
é o famigerado coração.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Precipitação

Chuva chega "tec tec"
"Chisc chisc"  molha o chão.
"Tec chisc toc toc",
água limpa e emoção.

Se chove lá fora,
chove dentro de mim.
A tempestade que não vem
já fez casa por aqui.

Passa a linha, alinha o trem.
Quem sabe, sabe quem
ta ouvindo a chuva tambem.

Espalha chuva vem o vento,
acabando com  o trovão.
Chuva de maio não existe,
somente o coração.

"Tec, tec, tec.."

Por Carlos Fernando Rodrigues    S.S.D.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Cangaceiro e o Coronel - Parte 3 "O Social"

       A cidade vivia agora tempos de mudança. Em plena estagnação política do Brasil, a sociedade novalimense pulsava novas ideias e ideais. Estava instalada ali a maior das rixas entre políticos que o pequeno município já vira.
       Nas classes mais baixas, os ideais marxistas tomavam conta dos pensamentos da população mais jovem e até mesmo dos mais velhos, apesar de certa resistência. Formou-se ali uma grande força ideológica dos trabalhadores e uma expressiva quantidade de votos em potencial.
       A mobilização do proletariado era assistida de longe pela classe dominante da sociedade. A elite não se deixava tocar pelos ideais igualitários do socialismo. A ideia de ditadura do proletariado gerava repulsa nos patrões, que não queriam de forma alguma se equivaler aos seus empregados. A ditadura agora chegava à economia, imposta pelos proprietários e comandantes aos construtores dos alicerces sociais, deixando de lado o lado humano do ser humano.
       Essa situação opressora gerou a necessidade da criação de uma força que agregasse toda a classe trabalhadora em torno de uma só luta, que atendesse a todos, de forma a criar uma alternativa à exploração burguesa sobre os operários. Como em uma coincidência, o destino já havia decidido quem comandaria essa força...

Continua.

Por Carlos Fernando Rodrigues

sábado, 16 de abril de 2011

O Cangaceiro e o Coronel - Parte 2 "A Mina"

       O garoto simples, de origem humilde que cresceu junto dos dois irmãos, sem os pais, não fazia ideia do fantástico futuro que o aguardava. Enquanto seu sonho seu sonho de trabalho se aprofundava nas minas, a política era arruinada em todo o país.
       Não foi fácil deixar a família para trás, afinal ele nunca vivera sem a atenção da irmã e a rebeldia da infância de João. Mas ele não tinha medo do trabalho, e talvez pelo senso de divisão e coletividade desenvolvido na sua vida humilde dentro de casa, sabia da importância da ética no convívio social.
       A cidade era simples, e como muitas outras do interior, tinha uma rua e uma praça onde pulsavam a vida social do município. De determinado ponto da rua principal, era possível ver a cidade afundar  na "boca" da mina para o seu coração econômico, de onde exauriam toda uma riqueza dourada, encharcada pelo suor dos trabalhadores que só podiam sair com tal metal dentro do peito, mas não por orgulho. Era um mundo a parte.
       Toda essa luta diária dos mineiros abriu espaço para uma corrente que ia na contramão da política não só da cidade, mas do país. Formava-se ali, no coração da cidade, o mais completo político de sua história. Um "Lampião" que não viera saquear dos inocentes, e sim matar antigas práticas que faziam com que a cidade permanecesse num estágio de espaço-tempo diferente do qual se passavam os anos que mudavam o mundo.
       Obviamente, tais ideais desagradavam fortemente os setores mais conservadores e ricos da sociedade, que quase como instinto, recorreram imediatamente ao seu maior aliado: O "todo poderoso" Coronel.

Continua.

Por Carlos Fernando Rodrigues

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Cangaceiro e o Coronel - Parte 1 "O Feudo"

       Moro em uma cidade pequena, que apesar de bem próxima da capital, se orgulha de manter sua vidinha pacata, tipicamente interiorana. É bem legal pensar que essa cidadezinha tem um riquíssimo folclore, que é passado de geração para geração.
       Apesar das histórias mais tradicionais não serem exatamente o que podemos chamar de recentes, a mais intrigante delas perdura feroz e voraz até os dias de hoje, e sabe-se lá quando vai terminar.
       Em meados da década de 1970, em pleno Regime Militar, a cidade assistia a ascensão de um Coronel. Mas não era um desses Coronéis que usam farda e são subordinados à um General. Esse "Coronel" parecia um pouco mais com aqueles mais antigos, era algo como uma fusão de "Sinhô" e burguês. Era, e continua sendo uma questão bem complexa na simples sociedade do pequeno município.
       O domínio político do "Coronel" nessas terras de ouro não evitou o monopólio quase que de regime escravista da mineração sobre os humildes e ingênuos trabalhadores do local. Quase como uma incógnita, não fosse pelos sabidos interesses em jogo, o governo figurava aliado da atividade, onde começou a cavar sua própria ruína.
       A expansão e aprofundamento da atividade mineradora na Mina Grande chamou a atenção de trabalhadores da área em todo o país, e do distante bairro de Neópolis, lá de Natal, a magra figura de um jovem técnico em mineração surge nos documentos de contratos da mineradora. Enquanto isso ele contempla o seu futuro no "sul", esperando a oportunidade de vencer na vida.
Continua.
Por Carlos Fernando Rodrigues


domingo, 10 de abril de 2011

Poemas Perdidos

Não se há de fazer mais
poemas tão belos
como aqueles que o poeta
não quis escrevê-los

Não estarão em cemitérios
nem em livros
e nem mesmo sequer
em qualquer mistério

Eles fogem e morrem
se estilhaçam
em um qualquer lugar
de eterno luar         


Por Carlos Fernando Rodrigues S.S.D.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vício

Ócio que procura o ópio,
oficina sempre vazia
faz seu terror próprio,
diabos na cabeça fria.

Preguiça no vai e vem da rede
de onde brota a necessidade
que vai contra a parede
e ultrapassa a legalidade.

O pássaro me avisou
de todo seu amor.
Não poderia vir
e me deu sua flor.

Na estrada que me dá o céu,
eu encontro a serra.
Sob da neblina, véu,
abrigo do despertar da minha fera.

Meu ópio é o amor.
Amor que não vê ódio,
só vê amor.
Olha por cima da dor,
chega manso.
Desse eu não me canso.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

Ponteiro

Quando quero
corro o tempo ao contrario.
Viro herói, vilão e cenário.
Quando não quero, o espero.

Ele não passa sem mim,
mas sem mim, ele tem fim.
Será tão complexo assim?

Dizem que ele é eterno,
turbilhão entre céu e inferno.
Eu não sou eterno
e sou dono do relógio,
que tal como o tempo e o terno,
não se usa sem propósito.

Quem nunca se perguntou
não sabe o que é ser humano
e não faz parte do plano
do tempo que passou.

Por Carlos Fernando Rodrigues S.S.D.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Perturbação

Ouve-se apenas silencio,
abstrato ser imenso,
de suave e intenso.

Quero ouvir-te em minha voz
e como do rio a foz,
que seja todo o fim
se tem que ser assim

Encripta escrita,
muito diz em nenhuma linha.
Faz do poeta pó
e nas palavras dá um nó.

Poemas notáveis
em produtos emocionados,
baboseiras em tamanhos exatos
do ser acomodado.

Tua grandeza não se mede,
muito menos ela se fala.
O sábio, sob ti cala.
Cerra o lábio, da razão, sede.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Verde antes

Veremos o sol
despontar no horizonte,
como os belos olhos verdes.
Ver bem de onde
queremos bem perto,
mas eles fogem espertos.

Pode ser tudo aquilo que palavras
não querem dizer, calmas e pequenas.
Palvras apenas, solitárias,
compondo nossa cena.

Luz serena ilumina
a lembrança plena.
A dúvida do ser,
ganhar ou perder.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mixirico

       Ônibus é uma coisa complicada, curiosa. Quando menos se espera ele se torna uma coisa muito mais interessante do que parece, e apesar do "ensardinamento" dos coletivo urbanos nos dias atuais, podemos vivenciar momentos tão intrigantes quanto divertidos e peculiares.
       Um dia desses qualquer, numa dessas andanças que a gente faz sem objetivo absolutamente nenhum, apenas pra constar mais uma página vazia na memória, entrei numa lotação da Expresso Novalimense absolutamente vazia, não fosse pelo motorista, o trocador e um senhor. Sentei logo atrás desse senhor, ele tinha a aparência cansada, vestia uma camisa surrada, uma calça mais curta do que deveria, uma botina e carregava um saco de mixiricas.
        Durante alguns bons quinze minutos de viagem, tentei "tirar" um cochilo, quando percebi que os entediados carros "engarrafados" buzinavam mais renitentemente do que o normal. A desistência do sono veio quando comecei a observar mais atentamente aquele senhor que de repente, como um moleque travesso, atirou um bagaço "bem" mastigado de mixiricas em um carro que passava do lado do ônibus. Era absolutamente estranha aquela situação, um velho que se comportava como um menino, travesso e "ruão", e se divertia.
       Alguns bagaços e pontos depois, resolvi descer. Fiquei realmente "encucado", indignado e pensativo com aquela situação. Em dias de globalização, consciência e veneração da longevidade, vê-se no mundo crianças que não querem crescer, e vivem a melhor das idades em plena dignidade moral do ser, e apesar do politicamente incorreto, ainda tem o dom da sua própria diversão.

Por Carlos Fernando Rodrigues

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fria Flor

Tudo que choveu não caía,
esperou até o apogeu.
Um momento fugaz
cortou-me sagaz.

A chuva não trazia vida.
Trazia morte. Suja.
Fecharam-me a saída,
e encontrei a dita cuja.

Matar a morte não é tarefa fácil.
Enquanto morria de véspera,
uma flor rosa forte,
da árvore do parque a minha espera,
me chamou. Gritou.

Ela era fria, insensível e banal.
Mas era bela,
cobria a dor carnal.

A chuva agora caía,
trazia as dores
que nem mesmo as flores
poderiam transformar em cores.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

sábado, 2 de abril de 2011

Seu Meu

Pés cansados
transcendem a alma.
Deitados me mostram
o cansaço da calma.

Dorme querida minha.
Esquece a confusão.
Sonha, sozinha que o dia já clareou
e quando acordar, a confusão passou.

Não chora mais por mim,
enquanto eu choro por você.
Nunca vai ser assim,
do jeito que você vê.
Irreal, surreal e sem fim.

É seu sonho, que ainda não acordou.
Viu você e te agarrou.
Virou sua cabeça e seu coração,
e me deixou sem ação.

Vai-te, sobe no teu sonho.
Viaja pra onde quer
enquanto eu vou te ver,
mórbido ser tristonho.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

segunda-feira, 28 de março de 2011

18 anos

    Os meus olhos ainda estavam pesados de sono, mas já conseguia enxergar os raios tímidos do sol que entravam pela janela. O frio não incomodava, pelo contrário, deixava a cama cada vez mais aconchegante. O despertador tocou. Levantei e não quis tomar café, a ligação às 02:46 da manhã me deixou pensativo o resto do   dia. Era a Jéssica, que apesar de não termos conseguido conversar, foi a primeira pessoa que me desejou os parabéns, e não disse nada.
      Durante algumas boas três horas, fiquei pensando em que seria minha vida agora, diante de todas aquelas duvidas que afligem todo adolescente prestes a se tornar um adulto. Resolvi não pensar. Pensar pesava mais do que deixar o peso do corpo tomar conta da minha atenção. As dúvidas ainda persistiam na memória, mas já não eram minha preocupação.
     Quis parar tudo. Percebi que mesmo parando, não tinha mais nada além daquilo que eu podia ver. O mundo estava ficando menor diante da minha visão. Percebi que não queria só o mundo, queria tudo, mas todo mundo também quer tudo. Já não estava dentro de minha própria cabeça, onde as dúvidas "faziam a festa". 
       O dia estava claro e quente agora, o Sol finalmente viera me dar os "Parabéns" enquanto as nuvens apenas compunham um cenário tão agradável aos olhos que era de apaixonar até mesmo os menos apaixonados. Era triste, saber que toda aquela loucura tão agradável tem que ser limitada, afinal, somos homens, seres sociais por excelência, moramos em um planeta, junto de cerca de 6 bilhões de pessoas iguais a nós, por mais diferentes que sejam. Isso tudo nos limita, e a dúvida que planejamos durante toda uma adolescência se responde: Só queremos a doce insanidade da infância, louca, para ser livre.

Por Carlos Fernando Rodrigues

sexta-feira, 25 de março de 2011

Estação

Hoje o dia acordou morto
como a folha que cai do Outono.
O Outono chegou como sempre
Verão e Inverno, torto.

No Outono, sente-se o ar
pesado, consciente.
A estação se sente
ideal para ser humano estar.

A folha seca desce
à terra recolhida.
O coração aquece
o frio que o esquece.

Outono é surdo,
neblina das estações.
Talvez seja mudo,
mas direção do coração.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

terça-feira, 22 de março de 2011

Poema dos Quereres

Quisera eu que a prolixidade
trouxesse a proximidade
que se faz necessidade,
e soa um grito de piedade.

Quisera eu que minha negr'alma
resplandecesse sobre o eu
ofuscando o corpo branco meu
e oferencendo-me toda sua razão calma

Quisera eu que o corpo não cedesse
aos talentos da razão,
muito menos, aos encantos do coração.

Podia ter cansado de querer
e poder querer fazer.
Mas que posso fazer
se só quero querer?

Por Carlos Fernando Rodrigues   S.S.D.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Com fusões Sobre edades

Cansei
de tanta perfeição.
Cansei
do garoto com violão.
Cansei
de tanta hipocrisia.
Cansei
do vilão da periferia.

Me pareço um velho
reclamando da vida,
mas sou apenas espelho
da idade perdida.

Juventude cansada,
velhice adorada,
cabeça virada
em uma vida desvairada.

Poesias já não são
a humana salvação.
São trocadas pelo lixão
e reviram a abstração.

O coração não animou.
Parou.
E agora já não sei
quem mais estou.

Por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Veludo Negro

Veludo negro
de azul pintado,
se desenha no medo
em diamantes cravejados.

Chega sua derrota,
e o que se pode ver
é o triste azul
em suave degradé.

O dia se volta,
a noite se revolta.
No que azul tem que ser,
em sentidos vamos ver
a beleza alvoroçada
do suave amanhecer.

Por Carlos Fernando Rodrigues S.S.D.

terça-feira, 15 de março de 2011

O Cego

    Mais uma monótona tarde de terça-feira se passava na minha pacata vida absolutamente desempregada de sentido. Caminhava distraídamente por uma calçada ao lado do Parque Municipal quando um baque absolutamente surdo chamou minha atenção para um pedinte encostado em um canto isolado da calçada, e apesar de todo alvoroço da urbanidade, ele também havia me notado:
    -Uma "ismola" "prum" pobre cego "pufavô sinhô"? - Disse ele.
    Naquela hora, a visão escura daquela figura mórbida sentada à sombra das árvores do parque invadiu toda minha piedade, e fazendo grande sacrifício, catei as últimas moedas que restavam no meu bolso. O "Obrigado, sinhô!" teria ficado de excelente tamanho, não fosse um sorriso estranhamente amarelo, apesar dos poucos dentes que restavam em sua boca.
     Meu dia na capital passaria despercebido de minha memória, não fosse o fato de algumas horas mais tarde quando caminhava para o ponto de ônibus em frente a Copiadora Brasileira, eu encontrar aquele cego em meio à um dos cruzamentos mais movimentados da cidade com dificuldades para atravessá-lo. Fui até ele e perguntei:
     -Precisa de ajuda senhor?
     -Não meu rapaz, o verde já vai "abrir".
     -O senhor sabe o que é verde?
     E reparando minha expressão de susto, o "cego" saiu em disparada na direção da Rua da Bahia. Por um momento tentei imaginar o que aqueles olhos verdes esbugalhados atrás dos óculos enxergavam em meio aquele cabelo desgrenhado e uma barba malfeita, mas minha cabeça se cegava pela charlatanice da surpresa cotidiana.


Por Carlos Fernando Rodrigues

segunda-feira, 14 de março de 2011

Após a Chuva

A chuva do dia anterior foi antecipada
por uma voz já conhecida,
cansada, experiente.
Chamava pra dentro,
obedecida tristemente.

O campinho encharcado,
minha vó preocupada
com a mãe que não chegava
do trabalho, demorado.

Em cima do muro da minha tia
eu assistia a garotada
que alegremente corria
após a chuva passada,
nem viam o temporal que se armava.

 por Carlos Fernando Rodrigues  S.S.D.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Rock and Roll
Rock'n'Roll
Rock in roll
Rock in Rio
Rock in Road...

Let it roll!

    Primeiro de muitos posts de poesias, contos, crônicas, artigos e textos em geral produzidos por Mim e Cia. De acordo com as cláusulas absolutamente absurdas e impraticáveis da gerência, não aceitamos devoluções, respostas, reclamações ou recomendações. Dentro desse espaço absolutamente livre não se aplicarão regras clichês, frescurites ou faniquitos. Não nos responsabilizamos por danos ao seu preconceito ou a sua integridade moral pré estabelecida. Quaisquer ato de falso moralismo, abtolação, alienação ou tentativa de domínio por entidades governantes será fortemente reprimido dentro do seu inconsciente, vindo a florescer sua razão. Favor não parar por aqui. Sujeito a caretice.